sábado, 18 de outubro de 2014

Democracia aborrecida

Paulo Portas mostra-se agastado por a maioria das suas propostas não terem tido acolhimento em sede de orçamento geral do Estado para 2015.
No CDS-PP parece não se dar grande importância ao peso eleitoral de cada um dos partidos integrantes da coligação governativa. A democracia é aborrecida quando aplicada aos mais pequenos e Portas fez encolher o CDS sem conseguir esticar o PP. Em resultado disso e a despeito dos sucessivos discursos em que reclama a sua importância e decisiva influência, Portas perdeu sempre as batalhas que travou com os dois ministros das finanças de Passos Coelho.
A pouca preocupação eleitoralista do OE2015 vai certamente custar o poder ao PSD mas ao CDS custará o poder e a credibilidade. Porque os eleitores percebem que o CDS-PP, como os outros, faz promessas que não cumpre. E se no PSD e PS a coisa se resolve trocando de aldrabões, no CDS-PP não. Porque no CDS, PP não significa só Partido Popular. É muito mais Partido do Portas. E destituído o líder, não há aldrabão para a troca.
O CDS-PP vai ser penalizado nas urnas por não ter exercido a influência que não tinha.
Injusto? Não, democrático.

domingo, 12 de outubro de 2014

Quatro mil pessoas e um cão

Até para ser cão é preciso sorte.
Excalibur, o cão da enfermeira espanhola infectada com o vírus ébola, foi abatido.
A justiça ordenou a eliminação do pobre animal, indiferente à gigantesca campanha para que fosse poupado.
A revoltante decisão das autoridades foi tomada friamente, ignorando, até, as discussões entre especialistas sobre os perigos da transmissão do ébola entre humanos e canídeos.
Por toda a Espanha e um pouco por todo o mundo, choveram as críticas dos defensores dos direitos dos animais e outras gentes horrorizadas com a bárbara decisão.
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P.S. - Também morreram quatro mil pessoas infectadas com o vírus ébola.

domingo, 5 de outubro de 2014

5 de Outubro de...

No dia 5 de Outubro de cada ano passa o aniversário de dois acontecimentos relevantes na história de Portugal.
Em 1143, Afonso VII de Leão e Castela reconheceu o título de rei ao nosso D.Afonso Henriques. O tratado de Zamora é a certidão de nascimento do nosso país.
Em 1910, uma revolução acabou com a monarquia e instaurou o regime republicano. Os duzentos revoltosos entrincheirados na Rotunda que não fugiram nem se suicidaram, receberam o prémio que a desorganização das forças leais ao regime deixou tombar na sarjeta da sociedade portuguesa.
Em 1143 nasceu um Estado independente. Em 1910 dividiu-se uma Nação nultisecular.
Qual a data mais importante? Qual a efeméride que os portugueses não esquecem? Pelas declarações de figuras mais ou menos influentes da opinião pública, o problema nem se coloca. O 5 de Outubro de 1143 foi há muito tempo e o de 1910 só é importante se for feriado.
Em 1910, a ausência de objectivos dos herdeiros de Buiça levou a uma revolução contra a monarquia, contra a Igreja, contra os estrangeiros, contra... e ponto final. Nos dias de hoje, comemora-se a data com a mesma futilidade dos primeiros dias. O que o Zé Povinho mais nota no 5 de Outubro é a falta do feriado!


sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Hoje há bola

Para um benfiquista, o Sporting receber o Porto é uma complicação.
O hábito de ver os leões na mó de baixo tira prazer a uma eventual derrota.
A arrogância do venerando presidente portista impede o encolher de ombros normalmente reservado aos clubes de bairro. Que os deuses da bola castiguem ambos com um golo para cada lado.
E que o campeão saia amanhã da Amoreira mais primeiro do que está hoje.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

O Norte é uma nação, carago!

Este pessoal do Porto é incorrigível.
Lembraram-se de aplicar as teorias internacionalistas do socialismo científico a um projecto bairrista de emancipação da Imbicta.
Colonizados cultural e economicamente pelos ingleses desde o séc. XVIII, sentem uma necessidade, incompreensível para os outros portugueses, de afirmarem suserania, superioridade ou ao menos algo que os diferencie da restante população.
O Porto é a vanguarda do Norte, insiste o grande educador Pinto da Costa. 
De Coimbra a Bragança ninguém liga, de Ourense à Corunha ninguém sabe.
Mas que importa? Nas visitas de estudo, quando um grupo de crianças do Porto se cruza com outros grupos, vai continuar a ouvir-se a voz estridente da vigilante: - Quem é do Porto bate palmas! Bate palmas! Bate palmas!